sábado, 5 de julho de 2014

Amamentação

Eu sou fonoaudióloga de formação, mas não exerço já há uns bons anos e como sempre surgem novos estudos, novas teorias, quando estava grávida, perguntei no grupo de ex colegas de faculdade qual o melhor bico de mamadeira para usar com a minha filha. Levei um sermão... "como assim eu estava perguntando sobre mamadeira, eu deveria amamentar a minha filha, etc, etc, etc..."

É claro que eu pretendia amamentar a minha filha, mas eu sou mãe de primeira viagem, nunca havia sequer trocado uma fralda. E é claro também que, independente de ser fonoaudióloga, eu sempre soube que a alimentação ideal para os bebês é o leite materno, mamado direto do seio, "porém, todavia, entretanto", por inexperiência, eu pensava: e se eu não tiver leite? E se eu me visse, de repente, no meio da noite, sem ter como amamentar minha filha enquanto ela chorasse de fome? Eu precisava de uma garantia e foi única e exclusivamente por isso que eu pedi a indicação da mamadeira.

Enquanto eu escrevia meu post sobre o parto, pensava também sobre a questão da amamentação. Este é outro tema que gera polêmica e muito sofrimento a algumas mamães.

O meu colostro começou a sair uma ou duas semanas antes do parto. E continuou saindo, beeeem pouquinho depois que a Liz nasceu. Meu bico não era adequado para amamentar. O leite demorou para "descer" e isso tudo misturado com o famigerado "blue puerperal" (assunto pra outro post) = desespero! Pedi socorro à pediatra e sim, recorri a mamadeira POR 1 DIA! No dia seguinte, lá estava eu, inundada de leite! Com nódulo de leite na axila e os seios cheios, doloridos... 

Pronto! Problema resolvido, certo? NÃO! 

O meu bico também não era adequado. E minha filha não conseguia sugar direito. E novamente eu pedi socorro à pediatra e passei a usar um bico de silicone no meu peito para que ela conseguisse mamar. Era difícil, doía e foi assim por cerca de um mês, até que ela cresceu, meu bico pegou o formato adequado e hoje somos muito felizes: eu amamentando e ela mamando.

Ah! Que ótimo! Então agora está tudo uma maravilha? NÃO!

Eu produzo bastante leite. E às vezes, meu peito fica tão cheio que ela não dá conta de engolir tudo que suga. E ela baba. E fica irritada. E chora. 

O que eu quero dizer com tudo isso é que amamentar não é fácil. É lindo, é maravilhoso, é recompensador, mas não é fácil. Exige paciência, tolerância, disponibilidade...

Li, recentemente, o relato de uma amiga sobre não ter conseguido amamentar seu filho e me comovi bastante. Aliás, coleciono histórias de mães que simplesmente não conseguiram. Por diversas razões.

O sucesso da amamentação depende de vários fatores e quando um começa a degringolar, via de regra, vira uma bola de neve: a produção de leite é estimulada, entre outras coisas, pela sucção do bebê. O psicológico da mãe também influencia diretamente, visto que é super comum o leite secar quando a mulher passa por algum trauma. Se o bico da mãe não é adequado, o bebê não consegue sugar. Se o bebê não suga, a produção de leite diminui, com a diminuição do leite, é preciso complementar com fórmula e por aí vai...

E por conta disso tudo, o meu ponto é que o mais importante é ter um bebê alimentado. Seja por leite materno, mamado do peito ou ordenhado e dado na mamadeira, seja por fórmula. Que o amor de uma mãe pelo seu filho não é medido através da amamentação e sim da preocupação com a saúde da criança, com os cuidados, com carinho.

De forma alguma estou querendo menosprezar a importância da amamentação. As vantagens são indiscutíveis, porém, volto a dizer que amamentar ou não não pode ser um fator que rotule como "mais ou menos mãe".

Nenhuma das mães que eu conheci que não amamentaram seus filhos foi por causa de dor ou por questões estéticas. Ainda que, por dor, até compreendo. Meu caso foi simples, uma dor tolerável, mas já vi mães com sangramento, bico do seio pendurado e isso deve doer muito mesmo, a ponto de ser insuportável.

Sobre a questão estética, sei que existe. Nunca presenciei essa situação, mas acredito, sim que tenha gente que deixe de amamentar por vaidade. Essa, talvez, seja a única razão que não considero.

Mas, para todas as outras justificativas, acho que é importante que as pessoas, principalmente militantes de causa, tenham um olhar generoso sobre cada mãe, pois cada uma, a sua maneira, está dando o melhor de si, dentro de suas possibilidades para seus filhos. E merecem todo o crédito e mérito por isso!









2 comentários:

  1. Eh, Carol...eu trabalhava até 3 meses antes de ficar gravida, e olha que tentei por 10 anos e nada... e finalmente, eu gravidissima do Arthur. Bom, como estava em casa, grávida, com um tempo só para mim, li artigos, blogs, tudo sobre gravidez, e amamentação era algo que eu queria muito, vi na tv tambem, pessoas que não conseguiam amamentar, que tinha até terapeuta para isso. Eu achei que seria facil, porque sempre fiz tudo o que minha medica indicava, passa bucha no banho para preparar o bico. O Arthur nasceu, as 16h e as 18h estava ele lá, mamando e eu de repouso ainda da anestesia, meu leite desceu rapidinho, e achei até lá que tudo seria fácil. Quando subi para o quarto, a enfermeira veio ver meu seio e comentou: "Nossa, o bebe machucou o bico, eu não acredito que colocaram o bebe novamente errado para mamar"... bom, eu não sentia ainda o corpo, mas logo que voltei da anestesia, percebi que meu bico estava machucado e sentia dores. No outro dia, estava lá eu, mordendo fralda para amamentar, com o seio cheio e o Arthur ainda nasceu com uma flacidez na lingua, então, eu tinha que abrir a boca dele para pegar o bico, meu bico pendurado. As enfermeiras fizeram de tudo no hospital, me deram pomada, e minha medica teve uma infeliz ideia, pegar um bico de silicone e quando ele foi sugar, saiu o restante do bico e saiu muito sangue. A turma da enfermaria comentou que eu faria mais 2 amamentações noturnas no peito que estava machucado mas que depois eu precisava amamentar naquele machucado. Voltei para o quarto arrasada, com uma dor tremenda, no outro dia de manha, eu tremia, nossa um medo de sentir a dor novamente, e lá fui eu para a enfermaria amamentar ele (pq ele estava tomando banho de luz, por conta da ectericia), consegui, mas com lagrimas nos olhos. Tive alta, quando cheguei em casa, eu fui amamentar, no hospital eu aprendi várias posições, mas em casa nada, não conseguia sequer colocar ele para sugar o peito, e o Arthur não aceitava tomar leite em pó, era tomar e voltar tudo... chorei tanto, e comecei a passar muito mal, a 3 horas de volta do hospital, foi um panico tremendo, e as 23h, voltei para o hospital, com o corpo todo tremulo, não queria ficar em casa com ele... pronto, eu novamente no hospital e minha mãe com ele em casa...sonhei tanto com ele em casa, cheiriho de bebe no primeiro dia, mas foi tudo por agua abaixo. No hospital, fui diagnosticada com depressão pós parto, passei a noite na medicação e de manhã meu peito cheio de leite, e eu nem queria saber de voltar para casa. Voltei aos prantos, não queria mais aquela situação. Cheguei em casa, tentei mudar tudo, coloquei uma musica, peguei ele mesmo a contra gosto e amamentei, mas tive que procurar um psiquiatra, porque as crises eram fortes, então, tive que tomar remédio tarja preta, mas permiti isso até 3 dias, depois deixei de lado e fui me controlando e não deixava ele por um minuto, não permiti que a depressão tomasse conta de mim. Foi duro, eu amamentei ele,mesmo no periodo da depressão, mas depois de uns 15 dias eu estava com o peito melhor e "inventei" de fazer doação para o Hospital de Cotia...e eu passava o próprio leite para cicatrização e Lansinoh. Passei a doar meu leite, um vidro de maionese por semana, era maravilhoso, mas minha luta com a pegada no peito continuava, por conta da lingua dele. Foram 4 meses de doação, amei fazer esta gesto. O Arthur mamou exclusivamente até 10 meses e eu desmamei total com 1 ano e 1 mês, e não me arrependo de nada. Foi tudo natural, conversei muito com ele, comentei que não tinha mais leite e aos poucos ele foi aceitando a mamadeira de leite Ninho e o leite secou naturalmente. Mas em uma próxima gravidez tenho certeza, que tirarei tudo de letra. Acho que na vida, passamos por alguns problemas, fundo do poço, para darmos a volta por cima e sempre recomeçar. Beijos

    ResponderExcluir
  2. Eliza, que lindo seu depoimento! Me emocionei! Qto amor, qta força! Imagino como deve ter sido difícil pra vc superar a dor física e tb a dor na alma...
    Obrigada por dividir sua experiência!
    Beijos

    ResponderExcluir